O coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, Oswaldo dos Santos Lucon, pediu demissão do cargo nesta terça-feira (2), ainda no início das negociações da COP26. Ele foi nomeado para a função ainda em maio de 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro.
"O Fórum tem um objetivo na sua criação e eu não consegui cumpri-lo. Se ele não está sendo cumprido, é capaz de existirem pessoas melhores que eu para fazer isso", disse Lucon em entevista, por telefone. Ele está em Glasgow, na Escócia, onde está ocorrendo a conferência climática.
Questionado sobre algum impedimento externo que possa ter dificultado o trabalho, o agora ex-coordenador disse que "ninguém o impediu e que tampouco é uma questão de competência".
"Não vou dar nenhuma declaração política, estou aqui com o crachá da ONU, eu não estou aqui com o crachá do Brasil. Aqui na COP eu sou politicamente neutro. Não vou fazer nenhuma crítica ao governo, ou a ninguém, não vou fazer. Mas a COP poderia ser melhor aproveitada. Eu tentei, mas eu não consegui", disse.
Lucon é integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organização científico-política criada em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial. Ele também é assessor para mudanças climáticas da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo e é pesquisador do tema.
O Fórum Brasileiro de Mudança do Clima é um comitê híbrido, ou seja, tem membros da sociedade civil e do governo, tendo à sua frente o presidente do país. Foi criado com o objetivo de fazer deliberações e orientar sobre as políticas do clima no país.
Dentre as atribuições do Fórum está a responsabilidade de indicar os membros da sociedade civil que fazem parte do Fundo Nacional Sobre Mudança do Clima. O Fundo foi criado em 2009 para apoiar projetos para reduzir as emissões de gases que causam efeito estufa e para adaptação do país para os efeitos da mudança climática, com falta de água em regiões do semiárido.
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